Escola
Estadual Alm. Newton Braga de Faria
Nos
dias 30 de outubro a 09 de novembro realizamos um recenseamento na Vila Naval
do Alecrim (sargento e suboficiais), com o propósito de traçar o perfil da
comunidade, reconstruir a história local, bem como demonstrar as diversidades
culturais existentes nesse espaço, fruto dos vários brasis que compõem nossa
Federação, ali representados por seus moradores.
A
primeira informação coletada na pesquisa dar conta que os moradores da Vila
Naval do Alecrim são originários de diversos Estados brasileiros. Este dado
despertou os alunos para a dimensão nacional que tem a Marinha de Guerra do
Brasil, bem como para a importância da mesma como instituição mantenedora da
nossa segurança e integradora dos diferentes elementos culturais da Pátria
brasileira.
Das
44 famílias que responderam ao nosso Censo, identificamos que os Estados do Rio
de Janeiro, com um total de 23 grupos familiares, e do Rio Grande do Norte, com
11 grupos familiares, detém o maior número de moradores da Vila Naval do
Alecrim. Contudo, a Bahia, o Ceará, o Pará, o Paraná e Pernambuco têm aqui sua
representação.
Foi
observado durante o desenvolvimento da pesquisa que a família naval é numerosa.
Em 20 casas recenseadas moravam em média 04 pessoas e em outras onze 05 ou mais
pessoas. Essa constatação causou surpresa aos alunos, visto que a família atual
tende a ser menor devido as circunstância da vida, tais como: alimentação,
saúde, educação, emprego e moradia.
É
bom frisar que a pesquisa não discriminou o grau de parentesco entre os
moradores da casa recenseada. A nota dissonante desta média familiar ficou
entre dois grupos: o primeiro é composto por nove famílias que mantêm o padrão
de 03 pessoas por casa e o segundo é formado por quatro famílias que têm em
média 02 pessoas por casa. Uma boa parte destes 44 grupos familiares mora na
Vila entre seis meses a um ano. Nesse patamar, encontramos 26 famílias
entrevistadas. As que moram há mais tempo são as seguintes:
Número de casas recenseadas
|
Tempo de moradia
|
07 famílias
|
Dois anos.
|
01 família
|
Três anos.
|
10 famílias
|
Quatro anos.
|
Quando
perguntamos se todos os membros da casa trabalhavam, trinta e três (33)
famílias responderam que não, enquanto onze (11) declararam que todos os seus
membros trabalham.
Esse
dado é interessante, visto que nos revela outra realidade: A família da Marinha
Brasileira é jovem, com muitos filhos em idade escolar. Portanto, ainda fora do
mercado de trabalho. Outra leitura que podemos fazer desses dados está
relacionado ao deslocamento constante dos militares pelo Brasil, o que
dificulta o emprego e até a criação de raízes em um Estado específico.
A
tese que a família da Marinha é jovem parece se confirmar quando observamos o
número de pessoas que estudam por família. Trinta e dois (32) entrevistados
responderam que todos os membros da sua família estudam, contra doze (12) que
não estudam ou já haviam finalizado.
Em
nossa pesquisa não foi especificado o grau de estudo ou a faixa etária dos
membros da família Naval, mas pela constatação visual e matrícula em nossa
escola um bom número desses moradores está cursando o Fundamental I, II e
Ensino Médio. Para analisarmos como andava a saúde da família naval, fizemos
algumas perguntas sobre a prática de esportes. Trinta (30) entrevistados
responderam que seus familiares ou parte deles praticam algum tipo de esporte,
contra quatorze (14) que se declararam sedentários.
A
caminhada, a dança, a corrida, o futebol, a musculação, a natação e o voleibol
foram algumas das modalidades citadas pelos recenseados. Destas modalidades a
caminhada é a que teve o maior número de praticantes, seguida da corrida,
musculação e natação.
Modalidade
|
Número de praticantes
|
Caminhada.
|
6
|
Dança
|
3
|
Corrida.
|
5
|
Futebol.
|
2
|
Musculação
|
5
|
Natação
|
5
|
Voleibol
|
3
|
Nenhuma informação
|
15
|
Apesar
do índice de pessoas que praticam alguma modalidade esportiva ser alto, não
podemos nos esquecer daqueles que insistem em ter uma vida sedentária. O fato
de não se exercitarem tem por motivação:
·
A falta de vontade.
·
A falta de tempo para os exercícios.
·
A falta de aparelhos.
Esses
são alguns dos motivos alegados pelos moradores da Vila que impedem a prática
da atividade física entre os grupos sedentários.
No
quesito saúde, vinte e oito (28) entrevistados declararam que nenhum membro da
sua família possui qualquer tipo de enfermidade, contra quinze (15) que
responderam positivamente.
As
enfermidades mais comuns aos moradores da Vila são de origem cardiovascular e
diabetes. Contudo existem outras, tais como: câncer, hipotireoidismo e
fibromialgia.
Enfermidades
|
Número
de famílias
|
Cardiovasculares
|
05 Famílias
|
Diabetes
|
09 Famílias
|
Câncer
|
01 Família
|
Hipotireoidismo
|
01 Família
|
Fibromialgia
|
01 Família
|
Apesar de ser
preocupante o número de pessoas enfermas, a grande maioria é saudável. Daí o
alto índice de desportistas, de não fumantes (trinta e oitos pessoas declararam
que não fumam, dois não responderam e só 04 responderam que fumam diariamente),
bem como de pessoas ativas socialmente (participam de festas, frequentam salas
de cinemas, igrejas etc.).
A busca por uma
melhor qualidade de vida determinou a criação de animais e plantas. Em nossa
pesquisa, metade dos moradores da Vila possui algum tipo de animal, ou seja,
das 44 famílias entrevistadas 24 responderam que criam animais, 19 disseram que
não e 01 se absteve de responder.
Animais como
cachorro, gato, peixe, ave e hamster são os mais comuns. Do universo de 24
animais criados, quatro não são vacinados. A não vacinação de cães e gato é
preocupante, visto que é um atentado contra a saúde pública. Os cuidados com as
plantas é outro hobby praticado pelos moradores da Vila. Independente de ser um
substituto ou não dos animais, essa prática está alinhada com o antigo uso
desse espaço.
Antes de ser a
Vila Naval que conhecemos hoje, no passado era o Sítio do Dr. Choque. Desse
tempo sobreviveram as mangueiras e os poucos sonhos infantis. Os jambos, as
seriguelas e a perseguição do morador aos caçadores de manga faz parte da
memória de muitos, assim como as lendas do curupira, lobisomem e caipora, que
apavoravam a meninada da antiga Natal.
Essa fé popular,
desprovida de maior significado, caminha próxima a outro tipo de fé: a
institucional. Dos 44 moradores da Vila Naval, 24 disseram-se católicos, 16
evangélicos, 01 espírita e 03 não quiseram responder.
Quanto ao fator
religioso, podemos constatar a diversidade de crenças comuns ao povo
brasileiro, manifestada pela pesquisa.
Ação Pedagógica.
Levantados os
dados acima, cuidamos de organizar algumas ações, como:
·
Dias 30 e 31 de outubro - Visita à Base Naval de
Natal com os alunos do Fundamental I e II.
·
Dia 27 de novembro - Vinda à escola do médico
veterinário Diógenes Soares (Chefe do Centro de Controle de Zoonoses de Natal),
para ministrar uma palestra sobre os cuidados com os animais domésticos e
silvestres, para os alunos do Fundamental I.
·
Dia 01 de dezembro – Montagem na escola de um
posto de vacinação de cães e gatos.
·
Dia 03 de dezembro – Palestra do Tenente Juarez
e suboficial Dantas sobre o histórico das Vilas Navais (número de três) de
Natal - RN, e informes sobre o trabalho que a Marinha de Guerra desenvolve no
Brasil.
Diante
da constatação da existência de grupos familiares sedentários ou enfermos
(doenças cardíacas e diabetes), era desejo nosso organizar uma caminhada pelas
ruas do bairro, a fim de chamar atenção para os males do sedentarismo, bem como
trazer à escola médicos e nutricionistas para orientar familiares dos nossos
alunos e moradores da Vila acerca dos cuidados com a saúde. Infelizmente, por
uma questão de tempo e material humano, essa atividade deixou de existir;
contudo, pode ser retomada no ano letivo de 2013, desde que existam condições
para tal.
Paralelo às ações
citadas, preparamos nossos alunos para a última etapa do trabalho: a
apresentação da pesquisa. Nesta fase, tomamos as seguintes decisões:
·
Dividimos as turmas do 2º ao 6º anos em diversos
grupos de interesses.
·
Distribuímos os temas do trabalho de acordo com
o resultado da pesquisa.
Turma
|
Segmento
|
Atividade a ser desenvolvida
|
2º ano
|
Fund. I
|
Profa. Francisca Campos – Componentes de uma boa
alimentação.
|
3º ano
|
Fund. I
|
Profa. Lúcia Morais – Botânica – Estudo sobre as
mangueiras (árvore predominante na Vila Naval).
|
4º ano
|
Fund. I
|
Profa. Wanda – Apresentação das ruas e casas que
compõem a Vila Naval do Alecrim.
|
5º ano
|
Fund.I
|
Profa. Rita – Produção de textos – Visita à Base
Naval de Natal, RN.
|
6º ano 1
|
Fund. II
|
Exposição das diversas modalidades esportivas praticadas
pelos moradores da Vila Naval do Alecrim [Sargento e suboficial] e doenças
declaradas na pesquisa.
|
6º ano 2
|
Fund. II
|
Exposição dos diversos Estados Brasileiros
representados pelos moradores da Vila Naval do Alecrim. Ficou também na
responsabilidade dessa turma a apresentação dos gráficos referentes ao censo.
|
6º ano 3
|
Fund. II
|
Exposição dos diversos grupos religiosos
existentes na Vila Naval do Alecrim.
|
No dia 06 de
dezembro de 2012, concluímos o projeto com uma grande apresentação dos
trabalhos para a comunidade escolar, familiares e visitantes. A avaliação das
atividades propostas teve como critérios:
·
Apresentação.
·
Conteúdo significativo.
·
Cooperação.
·
Material exposto.
·
Participação.
·
Pontualidade.
Conclusão
O projeto Vila
Naval do Alecrim nos deu uma visão atual da comunidade que hoje habita esse
espaço que é histórico, econômico e cultural. Dinâmico como o homem que mora
sobre ele, modifica-se a cada momento que um novo grupo familiar chega para
ocupar seu espaço e montar sua história de vida em nossa cidade.
Hoje encontramos
uma vila múltipla em sua diversidade cultural, fruto dos vários brasis, do
universo das vontades, desejos e objetivos comuns ao nosso povo. É também uma comunidade saudável, que gosta
da praticar esportes e tem compromisso com o país que acolheu seus muitos
filhos e filhas.
Quanto às
dificuldades, sua luta é igual a de todos nós: o desemprego, as enfermidades, a
urgência na educação dos seus queridos levam esses homens e mulheres a não só
investirem em seus estudos, mas também na fé religiosa.
